OCDE: Portugal precisa de mais medidas de austeridade...
Se quiser cumprir as metas orçamentais. Desemprego vai superar os 16% em 2013. Recessão vai durar mais tempo.
Portugal vai ter de adotar novas medidas de austeridade se quiser cumprir as metas orçamentais acordadas com a troika.
O país ficará preso a uma recessão mais prolongada do que o esperado e a um desemprego nunca antes visto, que fará com que essas medidas tenham de ser aplicadas. E o indicado será que o ajuste seja feito do lado do corte na despesa.
É o que prevê a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), num Outlook dedicado à economia nacional: «O cumprimento das metas do défice oficiais de 4,5% e 3% do PIB em 2012 e 2013, respetivamente,exigirão medidas de consolidação além daquelas que estão no programa» de resgate, lê-se no documento.
Mas mesmo assim, o secretário da OCDE sublinhou esta terça-feira de manhã que «Portugal não pode abrandar o ritmo».
E a austeridade terá de ser reforçada não só em Portugal, mas também na Grécia, Itália e Espanha. «Parece adequado que os défices orçamentais, devido à fraqueza económica imprevista, sejam compensados por medidas adicionais de consolidação», ainda que «parcialmente».
Embora faça notar que, no caso de Portugal, tenha havido uma «grande consolidação orçamental em 2011», que será «ainda maior» este ano, a Organização recomenda ao Governo que faça mesmo uma «implementação rigorosa» do programa da troika.
«Implementar rigorosamente as medidas de consolidação orçamental anunciadas e melhorar o controlo do processo orçamental devem continuar a ser prioridades para garantir que os objetivos estruturais são atingidos».
E terão de ser atingidos com uma recessão bem pior do que a esperada pelo Governo: a economia vai contrair 3,2% este ano e 0,9% no próximo, segundo se pode ler no resumo acessível no site da Organização. Uma estimativa completamente oposta à da troika, que prevê que o país cresça 0,3% em 2013.
A OCDE aconselha ainda o Executivo a «prosseguir as reformas estruturais nos mercados do trabalho e dos produtos», com o objetivo de «fomentar o emprego e o crescimento da produtividade».
Se a razão estiver do lado da OCDE, o défice orçamental alcançará os 4,6% do PIB este ano, 3,5% no próximo. Também aqui os números são piores do que os do Governo e da troika, uma vez que as metas oficiais são de 4,5% e 3%, respetivamente.
A OCDE volta a apresentar previsões negras também no que toca ao mercado de trabalho: a taxa de desemprego irá bater os 16,2% em 2013. São as piores projeções feitas até agora por uma organização internacional. Estão, de resto, bem acima das do Governo, que acredita que o desemprego não supere os 14,1% em 2013.
Estas estimativas são divulgadas precisamente no dia em que a troika regressa a Portugal, para a quarta avaliação ao programa de resgate. E surgem um dia depois de o Conselho de Finanças Públicas ter alertado o Executivo para as suas«previsões excessivamente otimistas». O primeiro-ministro nega que o sejam.
A OCDE reviu ainda em baixa o crescimento da Zona Euro para este ano. A região que partilha a moeda única pode esperar uma contração de 0,1%.
Na reação a todos estes números gregos, os juros da dívida soberana de Portugal logo iniciaram nova escalada.
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